Terra em transe de Glauber Rocha. |
Luiz Chiozzotto
Esse pensamento abarca diversas questões sobre cidadania, pois ser
cidadão não é só ter deveres e direitos, pois dentre os deveres de um cidadão
está também o de apontar os descaminhos de um povo a fim de que sejam
corrigidos por aqueles que fazem reflexão a respeito, os intelectuais, os
cientistas, os filosofos por
exemplo; pois os trabalhadores estando quase
sempre ocupados de mais com com os prazos da linha de produção, ineptos com a
construção da “mais valia”, com os carnês à pagar e
sobretudo com o alimento imediato de sua prole não tem tempo nem preparo para
questionar isso ou aquilo de nossa cultura. Um pequeno exemplo disso, que
pode passar desapercebido por qualquer um menos observador é o de não ter
opções de filmes diferentes daqueles americanos numa cidade, ou institutos de
pesquisa cientifica, só para citar dois. Cidades de origem industrial do
interior de São Paulo que no decurso de sua história formou massa de operários
e que aceitarem dedicar-se exclusivamente à produção de bens de consumo e
fornecer a sua força de trabalho. Esses cidadãos delegaram aos politicos e
governantes o poder de decisões que abarcam questões de administração da
cidade, políticos esses do bem e do mal que destinaram recursos ora para a
saúde, ora para educação e quase nunca para a cultura. E não termos um
filme, um artesanato, um livro, uma pesquisa cientifica feita por nossos
cidadãos em nossas próprias cidades aponta para o fato de que perdemos o
contato com o que há de mais refinado em nosso povo, o seu conhecimento, seja
este oriundo de seu intelecto, seja aquele que é aprendido e repetido de seus antepassados, aponta para o fato que perdemos contato
com nossa própria cultura, com nossa
criatividade, Se ignorarmos
essa questão e não produzirmos cultura (livros, filmes, musica,
artesanato, etc), e tão pouco preservarmos e valorizarmoos o que já produzimos
estamos nos atrasando em relação a outros povos e suas culturas, Mas pior do
que isso é não perceber isso acontecendo, é não encontrar espaços para exibir o
pensamento e a arte de nossos cidadãos porque o espaço e o tempo estão
destinados as produções de culturas externas, no caso do cinema nacional, a
forte presença dos filmes americanos no país, seja nos cinemas que em aluguel e
venda de dvds e a fins, formando uma espécie de corrente onde todos os gomos
estão interligados e não nos permite inserir nosso pensamento, uma corrente que
por fim nos aprisiona no pensamento de uma outra cultura externa. Se não
acordarmos para esses fatos os bárbaros destruíram a arte de nossa
civilização com sua pseudo-cultura ou pela falta da prática pelo nosso povo e
nós não nos reconheceremos mais como uma unidade, como uma nação. Além disso a
ignorância de um povo tem também origem na condução que é dada pelos seus
governantes quando ao retirarem da cultura e da educação a sua importância e o
seu valor, tornam o povo ignorante e, sobretudo afascinados pela mercadoria que
produzem e que depois devem consumir, subservientes aos comandos dos
manipuladores da verdade. Quando essa ignorância nos reduz a reclamar apenas de
necessidades básicas do "ter", e nos acuamos e ou nos intimidamos em
apontar necessidades mais refinadas, do "ser", percebemos o quanto
embrutecemos nosso espirito.
E-mail chiozzottoit@gmail.com
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