Campus UFSCar Sorocaba, 19/08/2010 - Inauguração oficial |
Qual o
cenário urbano sorocabano nos anos mais dourados que o Brasil já viveu? qual o
cenário social, político e econômico mundial que possibilitou a convivência até
certo ponto pacífica entre a esquerda e a direita?
Os melhores
anos para o Brasil na sua história, constatado pelos mais eminentes institutos de pesquisa, Ibope, Data Folha foram entre os anos de 2002 a 2009, período considerado
mundialmente como aquele neo-desenvolvimentista e que promoveu uma
reestruturação do capitalismo mundial. Paralelamente a isso e já a partir do
final dos anos 90’ e início dos anos 2000’ as áreas centrais da cidade de
Sorocaba ficavam mais bonitas. A prefeitura iniciava uma repaginada em seus
logradouros públicos, avenidas modernas são construídas e unem pontos antes
abandonados, o rio Sorocaba em seu percurso central recebe paisagismo e são
criadas várias estações de tratamento de esgoto. As suas águas ficavam mais
limpas e as pessoas poderiam passear pelas pistas de caminhada que foram
feitas ao seu redor e por diversos outros pontos da cidade e sentir o perfume
das flores que nasciam entorno ao rio. Do ponto de vista político foi um
período relativamente de harmonia entre a direita sorocabana - detentora do
poder há séculos - e a esquerda - detentora do poder da presidência da
república nesse mesmo período.
O papel do PT
- centro do poder presidencial do período - foi aquele de reorganizar esse
capital que vinha se reestruturando também na economia brasileira. Uma época em
que o cenário internacional ainda era favorável e beneficiava a governabilidade
desse que era o maior partido de esquerda da América Latina. Pela primeira vez
na história o Brasil passava de devedor à credor do FMI, de consequência Wall
Street e toda a sua força do mal não podem agir livremente sustentando
banqueiros e agiotas oportunistas como no passado recente do país.
Contudo, essa esquerda centralizada no “Lulismo” não realizará uma
ruptura com a ordem burguesa, apenas reorganiza o capital de forma a fortalecer
o sistema de saúde e o da educação. Quando a crise mundial de 2009 começa a ser
sentida também no Brasil se inicia movimentos contrários ao governo de esquerda
estabelecido, como se a culpa fosse desse modelo governamental e sua ideologia,
que centralizava no trabalhador suas atenções promovendo entre outras coisas, a
inclusão social pela renda. Essa resistência ao PT foi se intensificando,
aglutinando outros setores como a FIESP, Rede Globo e grande parte da mídia,
coadunando com a participação de um sistema político corrompido pela ação de
políticos envolvidos em corrupção. Como aval desse golpe de forças contrárias o
judiciário, notadamente uma casta oligárquica de privilégios que continuava sua
trajetória histórica de defesa dos interesses do capital. Por fim o golpe
de estado em 2016 destitui a presidenta eleita democraticamente, estabelecendo num interregno, um governo de exceção. Talvez a
melhor coisa feita pelo PT no âmbito sócio-político durante seu governo, nesse período
neo-desenvolvimentista mundial, foi o da conciliação das classes. Quem estava
na cidade nesse período observou atentamente pelo viés desse modelo desenvolvimentista, que mesmo com tradições historicamente burguesa, Sorocaba conseguiu conviver
com a vinda da UFSCar. Uma universidade pública federal gratuita que
introduziu no pensamento sorocabano, entre outras coisas, a ideia da pesquisa
como parte integrante das ações de uma universidade. Sorocaba, fortemente
organizada com um palco industrial rico, com inúmeras multinacionais, com faculdades particulares de qualidade, como a UNISO, a UNIP,
agora iria reconhecer a diferença básica entre “curso lato senso e estrito
senso” e atuar mais ativamente na produção de tecnologia através do estimulo à
pesquisa entre seus jovens brasileiros.