15.8.17

Anos dourados das universidades públicas brasileiras





Campus UFSCar Sorocaba, 19/08/2010 - Inauguração oficial
Qual o cenário urbano sorocabano nos anos mais dourados que o Brasil já viveu? qual o cenário social, político e econômico mundial que possibilitou a convivência até certo ponto pacífica entre a esquerda e a direita? 
Os melhores anos para o Brasil na sua história, constatado pelos mais eminentes institutos de pesquisa, Ibope, Data Folha foram entre os anos de 2002 a 2009, período considerado mundialmente como aquele neo-desenvolvimentista e que promoveu uma reestruturação do capitalismo mundial. Paralelamente a isso e já a partir do final dos anos 90’ e início dos anos 2000’ as áreas centrais da cidade de Sorocaba ficavam mais bonitas. A prefeitura iniciava uma repaginada em seus logradouros públicos, avenidas modernas são construídas e unem pontos antes abandonados, o rio Sorocaba em seu percurso central recebe paisagismo e são criadas várias estações de tratamento de esgoto. As suas águas ficavam mais limpas e as pessoas poderiam passear pelas pistas de caminhada que foram feitas ao seu redor e por diversos outros pontos da cidade e sentir o perfume das flores que nasciam entorno ao rio. Do ponto de vista político foi um período relativamente de harmonia entre a direita sorocabana - detentora do poder há séculos - e a esquerda - detentora do poder da presidência da república nesse mesmo período. 
O papel do PT - centro do poder presidencial do período - foi aquele de reorganizar esse capital que vinha se reestruturando também na economia brasileira. Uma época em que o cenário internacional ainda era favorável e beneficiava a governabilidade desse que era o maior partido de esquerda da América Latina. Pela primeira vez na história o Brasil passava de devedor à credor do FMI, de consequência Wall Street e toda a sua força do mal não podem agir livremente sustentando banqueiros e agiotas oportunistas como no passado recente do país.  Contudo, essa esquerda centralizada no “Lulismo” não realizará uma ruptura com a ordem burguesa, apenas reorganiza o capital de forma a fortalecer o sistema de saúde e o da educação. Quando a crise mundial de 2009 começa a ser sentida também no Brasil se inicia movimentos contrários ao governo de esquerda estabelecido, como se a culpa fosse desse modelo governamental e sua ideologia, que centralizava no trabalhador suas atenções promovendo entre outras coisas, a inclusão social pela renda. Essa resistência ao PT foi se intensificando, aglutinando outros setores como a FIESP, Rede Globo e grande parte da mídia, coadunando com a participação de um sistema político corrompido pela ação de políticos envolvidos em corrupção. Como aval desse golpe de forças contrárias o judiciário, notadamente uma casta oligárquica de privilégios que continuava sua trajetória histórica de defesa dos interesses do capital. Por fim o golpe de estado em 2016 destitui a presidenta eleita democraticamente, estabelecendo num interregno, um governo de exceção. Talvez a melhor coisa feita pelo PT no âmbito sócio-político durante seu governo, nesse período neo-desenvolvimentista mundial, foi o da conciliação das classes. Quem estava na cidade nesse período observou atentamente pelo viés desse modelo desenvolvimentista, que mesmo com tradições historicamente burguesa, Sorocaba conseguiu conviver com a vinda da UFSCar. Uma universidade pública federal gratuita que introduziu no pensamento sorocabano, entre outras coisas, a ideia da pesquisa como parte integrante das ações de uma universidade. Sorocaba, fortemente organizada com um palco industrial rico, com inúmeras multinacionais, com faculdades particulares de qualidade, como a UNISO, a UNIP, agora iria reconhecer a diferença básica entre “curso lato senso e estrito senso” e atuar mais ativamente na produção de tecnologia através do estimulo à pesquisa entre seus jovens brasileiros.