6.11.16

Enquanto 40% de nossas crianças vivem na pobreza, banqueiros e agiotas concentram renda sob o manto da farsa da divida externa.


Luiz Chiozzotto

40% dos miseráveis no Brasil são crianças, tirar-lhes o bolsa família para promover a concentração de renda é roubar-lhes a dignidade.
Ao tomar-lhes o pouco que recebem, ao julgar apressadamente e de maneira equivocada um "bolsa família" é tão perverso como roubar um doce da mão de uma criança.
Miséria, miséria é uma coisa indigna, não é ser pobre, é estar abaixo disso, foi para vir de encontro a ela que foi criado o "bolsa família". Muitos se equivocam sobre esse tema, até mesmo quanto a paternidade desse filho pródigo. Para criá-lo houve cá e lá algumas manifestações voluntárias de frei Beto, Henfil, dentre outros, que no calor do momento, num período de mudanças, onde todos gritavam "diretas Já", seja aqueles de direita, centro e esquerda, momento em que todos uniam-se por um mesmo ideal: livrar-se da ditadura e reconquistar o direito ao voto é que esse desejo, esse sentimento nascia. Período esse em que no mesmo palanque subiam Lula, Fernando Henrique, Brizola, Suplicy, Henfil, enfim, muitos outros. E foi no calor desse sentimento patriótico que nasceu a ideia, e a partir dela começaram as iniciativas de movimentos em favor de minimizar o sofrimento da imensa população desvalida e pobre que o regime militar havia deixado em sua trajetória criminosa de crescimento e concentração exacerbada de renda. A ideia desse auxilio portanto, não é do PT e ou PSDB ou mesmo PMDB, ou qualquer partido político, é uma ideia dos brasileiros. Foi um sentimento de indulgência desses patriotas, sentimento que encontra rá nos jovens políticos da época sua força maior. E isso se transformou no que hoje chama-se "bolsa família", todavia, continuou a fazer parte da política de governo da Dilma, uma de suas pastas mais importantes, depois de ter sido cria no primeiro mandato de Lula, não obstante, nunca ter feito parte da pasta dos tucanos que a precederam no governo. Com a ascensão ao poder de Fernando Henrique no seu primeiro mandato a presidente, essa ações de frei Beto, Henfil e outros, foram apenas permitidas, aceitas como um favor que era oferecido, sem nenhum comprometimento desse governo, seja em fazer parte de sua política, seja de ter que ter qualquer responsabilidade por essas ações. O que se seguiu no 2º mandato de FHC foi a continuidade da política neoliberal de concentração de renda e venda do patrimônio público à empresas estrangeiras a qualquer preço, como se a Vale e outras tantas empresas vendidas como sucatas, fossem realmente sucatas, o que hoje sabemos que não o eram, e o dinheiro? é o dinheiro sabe-se que não foi direcionado a uma política de inclusão social, foi para os bancos, pois Fernando Henrique entendia que os bancos deveriam ser fortes para enfrentar a economia mundial que naquele momento já não coadunava com os doutrinadores neoliberais. Hoje, depois de muitos anos, depois de tantas transformações sociais, e de tantas mudanças em decorrência dessa política da esquerda de inclusão social é fácil criticar esse modelo de governar que faz o engenheiro, o médico e o pequeno empresário ter uma renda não muito distante da de um torneiro mecânico, um enfermeiro e ou um motorneiro do metro, isso que a elite não quer e alguns da classe média não compreendem e que se chama "inclusão social pela renda. E agora, a direita está ai outra vez, não pelo voto, mas pelo golpe de estado que aplicou e novamente extende sua teia perversa ao transferir poderes aos bancos privados e empresas estatais não dependentes, 50% do que o Brasil arrecada, a partir das PECs aprovadas, todas com data de 2016, portanto pertencente a Temer e seus golpistas, vão para pagar, sem necessidade os juros e amortizações da divida.
A PEC 241 e as outras congelam os gastos em todos os setores sociais, a fim de alimentar os juros e amortizações da dívida, sacrificando o povo na Saúde, Educação, Habitação. A farsa da necessidade de pagar os juros e amortizações de nossa divida aumenta nossa divida pública e a fome dos mais pobres.
Os administradores de crédito do Brasil, banqueiros e agiotas oportunistas de sua cidade voltam a ocupar o cenário econômico nesse governo golpista de má fé, enquanto 40% das crianças brasileiras vivem na pobreza, eles concentram renda sob o manto da farsa da divida externa. O governo que agora liquida o Brasil não permite que seja realizada abertamente uma auditoria na dívida pública exatamente para não colocar a luz da verdade na questão dessa farsa.
No Brasil, a atividade que cobra menos impostos é colocar o dinheiro em aplicações "mais rentáveis" em bancos, etc. É isso mesmo, quanto mais se é rico, mais tem para aplicar, mais ganha com a aplicação e menos impostos paga e menos o Brasil melhora a vida do povo, pois o dinheiro não circula entre os que realmente trabalham e se o trabalhador precisa construir algo de valor (casa, ampliar sua empresa, comprar máquinas etc) tem de recorrer aos juros altos de bancos e ou de agiotas disfarçados de gentis. Os ricos brasileiros são muito bem pagos só para serem ricos, não precisam fazer mais nada!
Ainda no Brasil, você paga impostos para trabalhar e para consumir (funcionários públicos, só para citar um seguimento da sociedade, têm o imposto de renda retido na fonte, impossível sonegar), ou seja, quem depende do salário é quem mais paga impostos.
Na França, grandes heranças são taxadas em 60% pelo Estado, isso significa que 60% da herança dos mais ricos vai direto pro governo, de modo que a riqueza não se acumule de forma imoral na mão de poucos "privilegiados", só porque nasceram em família cujos antepassados de alguma forma, licita ou ilícita concentraram renda. A ordem da direita sempre foi "obedeçam ou sofram", não há dialogo entre as classes sociais, a classe média não vai sentar a mesa discutir o futuro do Brasil nesse governo golpista.

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