Silvano Agosti nasce em Brescia, Lombardia,
Itália em 23 de março de 1938. Roteirista, Editor, Produtor, Diretor
Cinematográfico. Seu Cinema quase sempre é uma verdadeira poesia, sua paixão
pelo Cinema vem agregada a liberdade do ser, a qual vem lamentavelmente
encapsulada em dogmas, leis e tabus criados pelos governantes e impostos pelo
sistema econômico vigente. No final da adolescência parte em busca da liberdade
aportando primeiramente na Inglaterra, na casa onde nasceu Charlie Chaplin,
realizando um desejo de infância de conhecer onde viveu o maior gênio do
Cinema, de lá Agosti parte como um peregrino de mochila nas costas conhecer o
mundo, passa um tempo entre a Inglaterra, França e Alemanha onde realiza os
trabalhos mais braçais para acumular dinheiro e depois continuar a viajar até
chegar ao Oriente Médio e por fim ao Norte da África. Ao retornar à Itália seu
horizonte e as possibilidades de utilizar o Cinema como um meio de expressão e
compreensão da liberdade ampliam-se. Em Roma matricula-se em 1960 no Centro
Experimental de Cinematografia para poder dominar a técnica, na mesma classe de
Marco Bellocchio e Liliana Cavani, ali seu curta-metragem “La Veglia” é
premiado com o “Ciak D'oro” (como melhor aluno) em seguida vai a Moscou fazer
uma especialização em montagem, cujo norte de suas pesquisas é “Ejzenstejn”. Se
aplica na técnica de roteiro, diálogos e edição, e no desempenho desse ofício
usa o pseudônimo de "Aurelio Mangiarotti". Com o seu filme “Il
Giardino delle Delizie“ censurado na Itália, é homenageado pela “Expo
Universal” de Montreal figurando como um dos dez melhores filmes do mundo
daquele ano. De 1976 a 1978, atua como Professor de montagem no Centro
Experimental de Cinematografia de Roma, mas demiti-se em função de divergências
com a instituição. Com os anos seu desejo de viver em liberdade vai tornando-o
um profeta do assunto; ressuscita “Paul Lafargue” (1842-1911), ao dizer que o
homem deveria trabalhar apenas três horas por dia restando o resto do tempo
livre para realizar-se como Ser Humano, o que ainda não somos. E é categórico
quando replica que a liberdade vem constantemente agregada aos deveres e aos
direitos do Cidadão em relação ao Estado, considerando que a vida de cada ser
vivente já foi paga pelo trabalho de seus antepassados, por conta disso diz que
todos temos direito a uma casa, e duas refeições por dia pagas pelo Estado. Se
essa liberdade de viver fosse conquistada e se nos mantivéssemos como um
sentinela sempre atento àqueles que querem tirá-la do homem, o mundo seria um
verdadeiro paraíso. É atribuído a Agosti no final dos anos setenta, a ideia de
um espaço único (hoje muito comum), de encontro de Cineastas em que fosse
possível exibir filmes de Autor e também àqueles fora do circuito comercial,
para tanto, ele assume um cinema no quarteirão Prati e assim nasce o Espaço
“Azzurro Scipioni” em rua “Degli Scipioni”, 82, Roma, aberto também ao público
em geral e que também é palco de palestras e discursos de Agosti e seus colegas
sobre o seu postulado sobre a Liberdade e suas opiniões e sugestões sobre o
Cinema.
Agosti é conhecido por seus filmes “Quartiere
(1987), Uova di Garofano (1991) e L'uomo Proiettile (1995)” verdadeiras joias
poéticas de aclamação a liberdade. A sua verve poética o leva a escrever vários
romances e livros de poesia e um manual de como se fazer cinema com baixo
orçamento, dentre suas obras literárias encontram-se: “L'uomo Proiettile; Il
cercatore di Rugiada; Uova di Garofano; Il semplice oblio; Manuali Breviario di
Cinema”, este último aborda o assunto "Como fazer um filme sem dinheiro ou
como fazer isso melhor, sem gastar sequer um único euro. Para TV Rai Agosti fez
a série: 30 Anni di Oblio e 40 Anni, ele também colaborou em vários programas
de televisão de Fabio Volo. Em seus filmes Agosti prefere cuidar pessoalmente
da fotografia, roteiro e edição por acreditar que um Cineasta deve se interpor
na criação de sua obra, a fim de que sua ideia original não seja comprometida
pela intervenção de outros profissionais no processo, prevalecendo sempre
aquela ideia do Diretor. Agosti é também o projecionista de seu próprio cinema,
e dentre suas idiossincrasias está um pedido à UNESCO e a ONU a fim de que o
Ser Humano seja considerado Patrimônio da Humanidade.
Luigi Chiozzotto.